segunda-feira, 13 de junho de 2011

Filosofia Geral



DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS E AS ARTES (1749)
JEAN-JACQUES ROUSSEAU




Sob a análise pormenorizada do texto sugerido, revela-se um posicionamento crítico negativo de Rousseau  frente o escopo das perspectivas acadêmicas de Dijon em “O restabelecimento das ciências e das artes terá contribuído para aprimorar os costumes?”  de maneira que afirma não haver, de forma alguma, qualquer aprimoramento dos costumes diante do restabelecimento das ciências e das artes, de tal forma que os homens acabam por se alienar tanto às luzes que tratam de olhar somente para o desenvolvimento da ciência e para tudo que se faz em termos de aplicabilidade desta ciência, quando se evidência o lugar da técnica. Para tanto, afirma que se voltemos a atenção para a moral do ser humano, veremos que existe uma virtude esquecida, ofuscada pelo endeusamento da razão, rechaçando-se os primordiais princípios da moralidade.
            Ainda ressalta em sua defesa que, indubitavelmente, deve-se ignorar o mérito dos homens em revolucionar a ciência e as artes, de tal forma que se alcance a primazia no avanço e progresso técnico, mas que isso não deva servir como motivo de conforto e acomodação para que seja olvidada a conduta e moralidade humana. Não se tratava de ignorar o significado das luzes da razão, que tornaram possível o desenvolvimento da ciência e da tecnologia; por outro lado, tratava-se também de dizer que, apesar de todo encantamento da ciência, os homens, ofuscados pelas luzes, acabaram esquecendo deles mesmos. De certo, Rousseau nos possibilita o questionamento de que, se após o ingresso do homem no campo das ciência  e das artes, aprendera-se as lições e conhecimentos inacabados, ou se a virtuosidade não teve expressão e o que se evidenciou foi somente uma reprodução do que já se conhecia.
            O autor ainda ressalta as vicitudes que nos distanciam da virtude plena, pois daquelas a ciência e as artes tiveram sua gênese, e se estas tivessem originado da virtude, os questionamento e dúvidas sobre as reais vantagens seriam abrandadas. Ainda revela-se muito intensa a polidez e esquecimento da virtude, de maneira que o ingresso ou reingresso na sociedade torna-se muito almejado, e para tal, aceita-se e adequa-se aos vícios, pois estes prevalecem por serem de melhor acesso.
            Portanto, a promoção ao progresso da humanidade pela ciência e as artes revela-se, em parte, ineficaz quando se tem o seu uso por meio de atitudes e condutas viciadas. Reconhece-se que a aquelas devam ser admiradas e seguidas, porém, sem esvair-se do campo da moralidade, de maneira a não transgredir sua virtude primordial. Não obstante a ciência e as artes são advindas da humanidade, e delas surgem a possibilidade da discussão e formação de opiniões, devam, por tal motivo, ser elas regradas pelos princípios da moralidade, de maneira que esta não seja esquecida. Vê-se assim, de acordo com o entendimento de Rousseau, que as virtudes humanas ficaram sufocadas pelos vícios que estão por trás de toda essa uniformidade dos costumes, expressa por uma polidez nas nossas maneiras de ser o que não somos. Bom seria se pudesse ser confirmado o que essa aparência insinua ser.

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